Alaska Highway – Canadá/Alasca

Alaska Highway – Aqui começa a aventura

Ainda tínhamos algumas milhas até chegar a cidade de Dawson Creek, onde oficialmente inicia a rodovia mais desejada de muitos viajantes que cruzam o Canadá em direção ao Alaska.

Como dormimos bem na entrada da cidade de Grand Prairie, e precisávamos passar por ela, fomos até o centro de visitantes fazer o de sempre, dump, água, wifi e informações.

Encontramos uma cidade muito organizada e com muitos atrativos. Um centro de visitantes realmente bem organizado e fomos muito bem recebidos. No local informações sobre a extração de madeira e petróleo no local. Realmente vimos muitas industrias na região de extração de petróleo e gás pelo caminho.

Ali tivemos a informação também de um importante centro de paleontologia, inclusive apoiado pela Net Geo.  Como não temos muito interesse em permanecer na cidade, pois gostaríamos de seguir, colocamos apenas esse Museu no roteiro. Foi uma decepção. O local é um museu sim, da National Geographic sim, mas com informações voltadas para crianças. É interativo e as crianças se divertem. Asistimos um filme, e deixamos o museu com a sensação que fomos enganados. Mas tudo bem... bola para frente.

Deste ponto para frente os abastecimentos são escassos e precisamos tomar todo cuidado com nossa autonomia. A dúvida sobre levarmos ou não combustível extra nos incomoda bastante. Chegamos a cidade de Dawson Creek debaixo de muita chuva. Fomos até o Walmart e já ficamos ali para dormir.

Milha 0 da Alaska Haghway – Dawson Creek

Dawson Creek, milha 0 da Alaska Highway, quem não passa por ali na ida passa na volta. Uma rodovia cheia de histórias, desde as razões da sua construção até as dificuldades encontradas pelos dois grupos de civis e militares que partiram, um de Dawson Creek no Canadá e outro grupo de Delta Junction, no Alasca, para se encontrarem 8 meses depois. Frio, animais, montanhas, neve, mosquitos e todo tipo de dificuldades em condições extremas foram enfrentadas.

Fomos ao centro de visitantes e encontramos outras viajantes, de Kombi, de Moto, de RV, de diversas partes do mundo. Todos param para tirar foto na placa de marco “Mile 0” da Alaska Highway.

Finalmente chegamos ao início da Alaska Highway e oficialmente iniciamos as primeiras milhas da nossa viagem rumo ao Alaska na rodovia oficial... muita chuva, deixa o visual meio triste, mas a sensação é única. Decidimos ir até a cidade de Fort Nelson, ou conforme ficar esta chuva paramos em algum ponto. Abastecemos na metade do caminho para não correr risco com a questão da autonomia.

Chegamos a Fort Nelson ainda com o dia claro depois de muita chuva na estrada. No Ioverlander um ponto de dump e água grátis marca o centro de visitantes. Vimos que próximo à entrada da cidade tinha um posto onde abastecemos, que outros viajantes também estavam estacionando próximo à rua para dormir. Não tivemos dúvidas, ali era a melhor opção, estacionamos e logo outros RV’s pararam ali também.

Fort Nelson Heritage Museum, Toad River e o melhor cinamon buns que já comemos e a manada de búfalos na rodovia

Fort Nelson é bem pequena, uma cidade quase que de uma única rua, porém é um local histórico, e além de suas marcas, abriga o Fort Nelson Heritage Museum, o museu dos veículos que foram usados na construção da rodovia. Literalmente um museu a céu aberto. Os carros e máquinas ficam em um pátio, uma caminhada que nos faz voltar no tempo.

Seguimos viagem debaixo de muita chuva. Passamos pelo summit, um passo com montanhas nevadas e um visual bem selvagem, logo após descer chegamos ao Toad River Lodge  e paramos para abastecimento.

Nesse local muitos viajantes para comer um delicioso Cinamon Buns, o maior e melhor que já provamos. Por $3.50 eles servem um feito na hora.  Neste local é possível conhecer a incrível coleção de bonés com mais de 8000 peças que começou na construção da Alaska Highway e segue crescendo com bonés de viajantes de todo o mundo.  

Vimos três amigos que viajavam com três pequenas scooters, lembrando o filme DEBI & LOIDE, os três amigos estavam cruzando a Alaska Highway no ano de comemoração dos 75 anos. Muitos ciclistas estavam fazendo isso também. Mas esses três malucos chamavam a atenção de todos.

Após deixarmos o local, passamos por uma grande manada de Búfalos, grandes e fortes, machos e fêmeas com suas crias. Paramos no meio da estrada para deixar a manada passar ao lado do nosso carro. Fizemos muitos filmes e também fotos.

Em seguida fomos procurar um ponto que outros viajantes avistaram ursos pescando e nadando. Um local de “wild camp” do Ioverlander.

O local ficava à beira de um rio com um grande penhasco, bem retirado da estrada. Um lindo pôr do sol e muito silencio. Ficamos um pouco apreensivos de ficar tão isolados e por causa da questão do ataque de ursos na região. Ficar fora do carro estava fora de cogitação por causa dos pernilongos.

Foi um dia e tanto. Tantas coisas novas e boas ao longo do caminho. Poder conhecer um pouquinho da história da Alaska Highway, poder experimentar um cinamon buns quentinho e saindo do forno com chá nesta região fria e chuvosa, ver todos aqueles búfalos... Deus é tão bom. Como é bom poder viver todos estes momentos.

Muitos ursos “black bears” no caminho 

Acordamos e ficamos ali pela manhã, na tentativa de ver algum urso pescando. Como eles não apareceram, decidimos seguir, e logo nas primeiras milhas, passamos por um animal que para mim parecia um cachorro grande, negro, porém bem magro. E reduzi porque pensei o que um cachorro estaria fazendo ali naquela rodovia sem nenhum sinal de casas. Pensamos que poderia ser um cão perdido. Regressei e quando nos demos conta era um Black Bear. Magro e jovem, por isso a confusão. Ficamos empolgados e tiramos muitas fotos. Logo ele atravessou a pista bem na nossa frente e desapareceu no mato.

Seguimos felizes por ter visto nosso urso. Mais algumas milhas e mais um urso, e depois mais um e mais um... depois de um tempo não parávamos mais, porque a região estava cheia de black Bears. Ficamos felizes e chegamos a região de Coal River Lodge, onde fizemos novo abastecimento e achamos um local para dormir.

Foi interessante porque passamos uma entrada e vimos o teto de um RV no meio das árvores. No nosso GPS marcava “free campground”. Foi questão de segundos que olhei para o lado e meus olhos passaram pelo GPS e fiz a leitura. Paramos e retornamos para verificar do que se tratava o local. Um casal solitário do Canadá com um RV alugado estavam ali tomando um vinho. Nos receberam dizendo: “se procuram um lugar tranquilo e free, este é o lugar, bem vindos”. Estacionamos, conversamos um pouco, demos umas risadas e trocamos informações da estrada, já que eles estavam indo para o Leste e nós para o Oeste. Fomos até o rio ver o pôr do sol, muito bonito e logo a chuva fez a gente voltar para nosso RV de novo. Ali, por estar no meio de árvores a noite foi mais escura. O que foi ótimo depois de tantos dias com 24 horas de claridade!

Sign Post Forest – Watson Lake

Despertamos e seguimos para Watson Lake onde tem a famosa floresta de placas. Na estrada ainda vimos mais alguns ursos negros e muitos lugares bonitos. A chuva deu uma trégua em alguns trechos.

Chegamos em Watson Lake, na Floresta de Placas a “Sign Post Forest” e é um lugar impressionante. Fomos direto ao centro de visitantes pegamos água, algumas informações, atualizamos a internet, e fomos conhecer o local. É possível caminhar por horas olhando as placas e identificando pessoas de todos os lugares do mundo.

Em 1942, Carl Lindley, um soldado Norte Americano, de Danville, Illinois, que trabalhava na construção da rodovia, sentiu saudades de casa e colocou uma placa indicando a distância que estava de seu lar. Desde então viajantes de todo o mundo começaram a fazer o mesmo e surgiu a floresta de placas, que conta até a última contagem (out/2016) com mais de 75.000 placas.

Precisamos preparar a nossa e amanhã colocar na floresta também.

Alaska Highway - 75 anos de história

Fizemos um passeio pelo museu do visitor center com informações sobre a construção da Alaska Highway. Iniciada em 1942, depois do Ataque do Japão a Pearl Harbor, os Estados Unidos em acordo com o Canadá, decidiram pela construção para dar acesso ao Alaska e proteger o território norte-americano. Na construção que começou em 8 de março e foi concluída em 25 de outubro de 1942, trabalharam mais de 11 mil soldados americanos, 16.000 civis canadenses e estadunidenses, e 7 mil equipamentos e maquinários foram usados na construção das 1422 milhas de Dawson creek a Delta Junction.

Trabalhando em condições extremas, com temperaturas de -40 C no inverno, com hipotermias e fadiga, chuva, neve, e no verão muitos mosquitos e ursos, eles construíram 8 milhas por dia, 7 dias por semana, derrubando árvores, abrindo estradas por montanhas e construindo pontes para cruzar rios, lidando com os problemas da permafrost(camada de gelo permanente abaixo da camada de terra no território do Alaska). A estrada ainda se estendeu até Fairbanks, milha 1488 desde Dawson creek, que foi uma base aérea importante durante a II Guerra Mundial.

Um feito incrível, ler essas informações e ver detalhes da construção e a forma como viviam nos faz imaginar homens que deixaram suas famílias por 8 meses para proteges seu país, vivendo em condições extremas, lidando com enfermidades, 12 a 15 horas de trabalho por dia, 7 dias por semana, por 8 meses. Uma determinação e força que nos faz admirar a capacidade do ser humano em ir além de seus limites!

Ficando tarde e precisamos buscar um lugar para dormirmos. No centro de informações, nos falaram que poderíamos dormir próximo ao aeroporto, distante cerca de 14 milhas da cidade onde um grande gramado em frente ao Watson Lake nos aguardava. Seguimos e achamos o local. Um caminhão da Alemanha estava no local acampando, achamos um local para nós e dormimos ali. A Chuva retornou durante a noite.

Deixando nosso Sinal na Sign Post Forest 

Nós não fizemos uma placa antes de virmos e para deixar uma placa do rodando pelas américas e precisamos improvisar. Observando as placas vimos a criatividade das pessoas que passam por aqui. Decidimos usar a imaginação. Pegamos um quadro que veio no nosso RV, tiramos a imagem, colamos vários cartões nossos, recolocamos na moldura e pronto, estava pronta nossa placa.

Achar um local apropriado para ela também não é uma tarefa fácil, porque acredito que dezenas, se não centenas de pessoas que passam por ali diariamente deixam a sua placa. Mas encontramos um lugar logo na entrada ao lado de um banco onde as pessoas sentam para admirar a floresta. Gostamos da ideia e colocamos ali.

Missão cumprida, saímos de Watson Lake, em direção a cidade de Whitehorse. Chegamos no final da tarde e realmente, eu pude contar no estacionamento do Walmart cerca de 57 MH estacionados na noite. Mais parecia um grande campground do que um supermercado. Nesta época, não temos noite, praticamente. A medida que subimos em direção ao norte as noites vão ficando cada vez mais claras ou seja, o sol praticamente não se põe. Ele caminha de lado, chega a desaparecer, mas sua luz é refletida durante toda a noite. (vídeo no canal).

Whitehorse – Terra do sol da meia noite

Acordamos e fomos dar uma volta na cidade, conhecer o centro de visitantes, pegamos informações, atualizamos informações via wi fi e fomos dar uma volta na cidade. Paramos no supermercado mais bem abastecido da cidade. O Walmart aqui no Canadá tem um formato um pouco diferente dos norte-americanos. Alguns não tem frutas e verduras e carne. Então achamos outro que nos atendeu muito bem.

Nesse supermercado encontramos uma brasileira que vive em Whitehorse, ela já vive a cerca de 2 anos, veio estudar e dessa forma ela tem visto para trabalho também. Já era formada no Brasil, mas decidiu viver fora. Seu nome, Nice. Falou que no início o frio foi o maior inimigo, mas que o corpo se acostuma e hoje gosta muito de viver aqui.

Retornamos ao estacionamento do Walmart e decidimos dormir mais uma noite aqui.

Acordamos e hoje vamos dar uma volta no ponto turístico mais importante de Whitehorse, o Klondike, barco que durante anos subiu o rio Yukon River transportando ouro, mantimentos e pessoas para o local.

Um lindo lugar a beira da Destruction Bay

Deixamos a cidade de Whitehorse em direção á fronteira do Canadá com o Alaska, conforme fosse nosso dia dormiríamos em algum local ou cruzaríamos a fronteira.

Logo na saída da cidade encontramos uma barreira por obras na pista. Fomos informados que essa barreira poderia acontecer mais vezes durante um longo trajeto, e logo imaginamos que não chegaríamos hoje. Sem problemas, pois não temos pressa nem compromisso. Depois de mais algumas paradas chegamos a Haines Junction e fomos ao centro de visitantes. Já aproveitamos para almoçar E abastecer. Ainda é cedo para ficar por aqui então partimos em busca de um ponto no iOverlander que nos levou até a beira do lago Destruction Bay, um grande e lindo lago. Um lugar magico. Fizemos uma fogueira e assamos umas linguicinhas.

Ficamos ali contemplando a beleza do lugar, as montanhas nevadas, o frio gelado que vinha delas pode ser sentido ali.  Um lugar perfeito para passar a noite.

Um encontro bom demais!

Levantamos mais tarde, aproveitamos para ficar curtindo o lugar e seguimos em direção a nosso objetivo: a última fronteira!

Dirigimos poucas milhas e já chegamos a Beaver Creek, paramos como de costume em frente ao centro de visitantes para nosso almoço e colher informações. Eu fui jogar nosso lixo fora e vi uma Dogde Ram 2500 com uma camper da Motortrailer. Claro que são brasileiros. Imaginei ser o Raul, que ainda não encontrei pela estrada, fiz sinal, abanei e o casal parou. Um pouco assustados, mas com um sorriso eu já perguntei se brasileiros? E um Senhor que mais parecia o papai noel, disse que sim...

Se trata do casal Wilson e Gloria de São Paulo. Eles viajam há 3 anos nesse MH da motortrailer e estavam deixando o Alaska. Não os conheciamos, mas esse momento rendeu um almoço juntos no nosso MH, um longo papo até o final do dia, quando decidimos todos ficar ali no camping em frente e esticar a noite. O Wilson, um grande pescador, nos preparou um halibut assado que ele mesmo pescou em Homer no Alaska.Ficamos até tarde conversando mais e mais. Uma tarde e noite deliciosa.

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