Retorno - Colômbia

De volta a Colômbia

  

A chegada ao porto da Colômbia em Cartagena foi 100% melhor, organizados, limpos e gentis. Ficou claro que a situação no Panamá é de completo desrespeito, má vontade e desorganização da parte deles. Estão perdidos e não querem que o Ferryxpress funcione. Questões meramente políticas, uma pena! Para se ter ideia da diferença, encontramos no ferry dois viajantes da república tcheca que não puderam embaraçar seu caminhão pois a plataforma de Cólon não suporta mais que 5 toneladas. Detalhe que eles foram para o Panamá no ferry, mas para voltar não podiam. 

Nós pagamos U$ 723 dólares, com cabine e carro. Eles vieram no ferry e pagaram U$ 198; e para enviar o caminhão por outro navio mais U$ 6 mil dólares. Isso já é o suficiente para mostrar o desinteresse no Panamá em que o ferry funcione.

Fomos para o hotel Bella Vista e lá encontramos novamente a dupla do caminhão tcheco, e ainda conhecemos um casal Belga que viaja há 11 anos pela América do Sul com uma caminhonete e uma camper, Guy e Didi. Comemos no hotel e fomos dormir cedo pois o dia e a noite foram longas.

Dia de levar o Valente para a revisão, aproveitando que aqui tem concessionária Renault. Feita a revisão, troca de pastilhas dianteiras, arrumamos a fechadura, retornei ao hotel ao hotel.

À noite, o pessoal que conhecemos no Ferry, a Turma Especial, com quem passamos três dias, nos chamou para sair, e marcamos no Hard Rock Café de Cartagena. 

A Janeh não estava se sentindo muito bem. Passou parte da tarde de cama com fortes dores estomacais. Fomos ao Hard Rock mesmo assim, pois ela insistiu, mas como não melhorou, seu mal-estar não nos permitiu ficar por muito tempo. Jantamos, conversamos um pouco e nos despedimos! Voltamos ao camping de táxi e a Janeh passou muito mal. Vômito e diarreia por várias vezes durante a noite. Ficamos preocupados.

Tínhamos roupas para lavar e isso fez com que ficássemos um dia a mais para deixar na lavanderia do Bella Vista. Aproveitei para atualizar uns mapas, e uns aplicativos para viagem e para conversar mais com o Guy e a Didi. foi um dia de muita troca de experiências.  A Janeh passou o dia deitada. Ao final do dia, saímos e caminhamos até o supermercado para comprar algumas frutas e água, passamos em uma farmácia e compramos uns medicamentos para os sintomas que ela vinha sentindo. Retornamos, uma sopinha e cama.

Curumani

A Janeh não está completamente boa, mas decidimos sair mesmo assim e seguir em direção a Bucaramanga, onde o Miguel, irmão do Eduardo que conhecemos em San Andres, nos aguarda. Porém, creio que não chegaremos hoje, pois aqui na Colômbia não se mede o viajem por km e sim por tempo. A média de km/h aqui é bem baixa. Perguntei para alguns viajantes qual a melhor opção de roteiro, e todos nos disseram para cruzar Cartagena pelo centro e ir em direção a Bosconia e depois pegar a I-45 e ir reto.

Saímos às 8:10h, domingo e pegamos um trânsito, sinceramente, terrível. Meu nível de ansiedade começou a subir. A Janeh começou a passar mal e pacientemente saímos dali. 

Saindo de Cartagena, a estrada até estava razoável, mas foi só começar os pedágios que a estrada ficou ruim. Após cinco horas andamos apenas 200 km, uma média de 40 km/h, muita obra na estrada e muitos caminhões, isso que é domingo! Temos ainda 160 km para chegar ao nosso ponto para dormir. 

Chegamos à cidade de Bosconia e resolvemos abastecer. Fomos ao primeiro posto em busca de combustível, que aceite pagamento com cartão. Para nossa alegria, o posto não aceita cartão, o que é muito comum por aqui! E para piorar a situação, muitos postos estão sem diesel. Dizem que o diesel não está chegando nesta região. Fomos ao próximo e finalmente, enchemos e tanque e fomos procurar um lugar para comer. 

Temos uma quantia em pesos e uns dólares além de cartões. Porém, ninguém aceita nem dólar nem cartão. Que coisa linda! Vamos então comer sanduíche no carro. Eu, porque a Janeh ainda não está comendo! Ela comeu cereal de manhã e ficou com muita dor de estômago. Pelo menos daqui para frente a estrada parece que vai render. 

Nossos amigos Belgas nos deram a dica do aplicativo para iPad , o Ioverlander, que é uma super mão na roda; rápido fácil e offline. Ali achamos um hotel na cidade de Curumani por 40 pesos, uns $15 dólares, Hotel Bariloche. Como a Janeh não está legal , achei melhor ficar aqui.

Para a janta, fiz umas batatas cozidas para ela e sanduíche para mim! Espero que ela fique bem...

Bucaramanga

A noite foi bem quente! A mais quente desde o México na nossa ida! Mas a decisão de ficar em um hotel, com a Janeh não muito boa e com ar condicionado, pagando o mesmo valor de camping foi a mais acertada. Ela acordou bem humorada e falante. Ufa, melhorou do mal-estar e estava mais disposta.

Vamos então seguir para Bucaramanga e encontrar o Miguel irmão do Eduardo. Rodamos por uma boa estrada e com muitos trechos em duplicação, porém com boas condições e incrivelmente sem caminhões. Ontem ainda encontramos muitos na estrada. Nos questionamos se os caminhões preferem viajar no domingo.

Saímos da rodovia e entramos em uma pequena serra bem sinuosa e subimos até 1800 m.s.n.m. onde se encontra a cidade de Bucaramanga. Ali por ser uma cidade maior, havia manifestação de caminhoneiros e muita polícia na rua, mas passamos com paciência. A entrada da cidade e de muita pobreza e estradas ruins, depois um trânsito forte.

O GPS se perdeu e a Janeh estava tentando achar onde estávamos e para que lado seguir, porém em meio ao trânsito estava ficando difícil, lugar para parar não tinha, então entrei em uma transversal qualquer e parei para olhar o mapa e me localizar. Nesse instante um carro parou ao nosso lado e buzinou. Olhei pela janela e incrivelmente, ou milagrosamente, era o Miguel e a Mónik. Exatamente as pessoas que procurávamos e que nunca havíamos visto, somente o conhecíamos por facebook.

Falamos que chegaríamos na cidade pelas 15 hs, porém eram 13hs e neste instante o Miguel estava passando para ir ao banco e levar sua esposa ao dentista, viu nosso carro passando em meio ao trânsito e veio atrás de nós. Ficamos nos perguntando qual a possibilidade de isso acontecer em uma grande cidade de mais de um milhão de habitantes? Foi mais um dos milagres e cuidados de Deus em nossas vidas.

O Miguel nos levou a um pequeno restaurante onde ele e seus funcionários almoçam e fomos comer algo. Depois ele nos mostrou as instalações das duas empresas que pertencem ao seu pai e aos irmãos. Mostrou em uma delas um espaço onde poderíamos dormir a noite com o carro, porém eram de difícil acesso e bem no centro industrial da cidade. Agradecemos e fomos para o parque de Vuelo de Parapentes Ruitoque.

Aproveitamos para dar uma geral dentro do carro, porque em Cartagena pegamos muito vento próximo a praia e tínhamos areia por tudo. À noite o visual da
cidade era lindo demais. Me sentei ali à fiquei vendo como a luz é importante em nossas vidas.

Quando chegamos havia muitas nuvens e apesar de estarmos em um lugar bem alto, não podíamos ver muito longe. Mas a noite, a cidade toda iluminada, conseguíamos ver Bucaramanga, Foridablanca, Girón e acredito que mais uma que não sabemos o nome.

O Miguel e a Mónik vieram nos buscar e saímos até um dos shoppings da cidade. Demos uma volta a noite, comemos algo e conversamos um pouco. Foi uma experiência interessante, pois como viajamos por muitos lugares pelo interior, vimos uma Colômbia em transformação, em modernização, pobre e seca em muitos lugares, mas com grandes cidades com toda a infraestrutura. Comentamos com o Miguel e a Mónik de que tudo o que eles têm com bons restaurantes, acadêmicas modernas, lojas com grandes marcas, tudo isso não nos impressiona, e não andamos por cidades grandes, pois isso é igual em todo lugar, mas conhecer como o país todo vive nas pequenas cidades, ou povoados é muito mais incrível. As pessoas geralmente viajam de avião e buscam segurança e limpeza, mas andar por todo o país de carro nos é mais desafiante e nos conhecer e faz refletir muito mais. Nos despedimos pois seguimos viagem amanhã...

Honda

Saimos e, como é comum em grandes cidades com muito trânsito e vias, erramos uma saída e tivemos que fazer uma volta pela cidade, mas é sempre bom para conhecer um pouco do trânsito e de como as pessoas vivem.

Cruzamos a primeira parte da cordilheira, passando pela recém inaugurada represa de Sagamoso, e passamos na estrada por uma manifestação de campesinos, pescadores e pessoas que vivem na região e sofreram com o impacto ambiental na grande obra. Estavam caminhando pela rodovia com faixas e placas e fechando tudo, porém passamos cedo e conseguimos nos desvencilhar. O visual da represa é muito bonito, e a viagem por essa região também. Nós descemos uns 500 metros, e passamos por muitas fincas, fazendas e povoados turísticos.

Nosso plano é chegar a cidade de Honda. São apenas 300 km, mas sabemos que vamos levar umas seis horas, aqui não tem jeito. É incrível como sempre as pessoas que não viajam dizem ser quase impossível fazer isso em um dia. Porém a viajem foi super agradável, e chegamos a Honda tranquilamente. No caminho vimos uma Hacienda campestre de nome "El Placer". Virei o carro e entrei ali para ver se poderíamos ficar. Um lugar agradável, com piscina, Wi Fi, energia e água por um bom preço.

Fomos a piscina dar uma relaxada e refrescar o corpo e nos instalamos. Essa região de Honda é bem turística com esportes extremos nas montanhas e nos rios do lugar. Como é dia de semana está calmo e pudemos descansar.

Retorno a Salento

Acordamos com a vontade de ficar e de ir. O clima estava bem mais ameno do que no dia anterior, e sabíamos que iria chover mais. Seguir viajem com chuva não é bom, mas ficar trancado no carro também não. Resolvemos ficar até meio dia e decidirmos se vamos ou ficamos. Olhando a previsão do tempo, nós descobrimos que por uns cinco dias vai chover em quase toda a Colômbia. Então o negócio é ir adiante. Pois vamos ficar em Cali na casa do Eduardo e da Emma no final de semana, e para isso temos que seguir.

Depois o tempo deu uma trégua na chuva e seguimos em direção a Ibague. O dia estava bem fresco e não choveu mais, ajudando, em muito, na condução.

Passamos por Armero, uma cidade fantasma que foi destruída em 1985 pela erupção do vulcão Nevado del Ruiz, que não vimos pois estava encoberto pelas nuvens devido ao mal tempo, que dizimou só ali 22.000 dos 29.000 habitantes. Quando chegamos a Ibagué, o
centro musical da Colômbia, cruzamos por fora, por uma rodovia moderna que desvia o trânsito do centro. Iniciamos então nossa subida a cordilheira central, e logo no início, muitos caminhões andando a 30, às vezes 20 km/h. Não temos pressa, então, tudo certo, vamos devagar.

Foram 40 km de muita subida, dois mil metros de altitude com muita curva e muita inclinação, tendo que usar muitas vezes a primeira marcha. O cruze é de 3297 m.s.n.m, muita nuvem, tempo fechado e frio. E depois, 20 km de descida com pé no freio, em primeira e segunda. Claro que os freios esquentaram muito, mesmo sendo pastilhas novas e tudo revisado, mas o Valente foi fiel e aguentou firme.

Chegamos a Armênia e cruzamos por fora em direção a Salento, logo chegamos no hotel La Serrana Farm e nos instalamos. Chegar em um lugar como Salento depois que se conhece o lugar e o caminho, é muito mais tranquiloNós chegamos e na recepção o rapaz nos reconheceu e nos disse que, como já conhecemos o lugar, podíamos nos instalar e depois voltar para o Check In. Fiz isso, coloquei o carro no melhor lugar com o melhor visual e montamos tudo. Demos um "oi" na cozinha para o pessoal e ficamos aproveitando o lugar. Ficaremos aqui duas noites e depois seguimos para Cali.


Hoje amanheceu bem fresco, 14 graus, bem diferente dos 35 que vínhamos pegando. Pegamos casacos novamente e fomos tomar café no restaurante pois aqui o café está incluído. Depois fomos atualizar o site, e meu computador não ligou mais. O da Jane deixou de funcionar nos EUA, e vínhamos utilizando o meu HP. Agora morreu também.

Saímos e fomos dar uma volta no centro e tentar sacar dinheiro, pois estamos com dificuldade de encontrar um caixa eletrônico pelas pequenas cidades que passamos. Procurávamos um lugar para almoçar e encontramos o Café Willys, do Sr. Jairo e da Barbara. Lugar temático com um Jeep Willys 1951 na entrada transformado para uma máquina de café expresso. Comida boa com preço justo, depois conversamos como os donos, e tomamos um café com um pudim de pão com goiabada delicioso.

Retornamos ao camping e caiu uma forte chuva que fez entrar água no carro. Nada grave, mas vou ter que olhar quando chegar em Cali, quem sabe comprar um isolante e tentar resolver.

Cali e o reencontro com Eduardo e Emma

Contornamos a cidade de Armênia para fugir do trânsito, e seguimos em direção a Cali para encontrar nossos amigos Eduardo e Emma. Vamos passar o final de semana com eles e conhecer um pouco de Cali, comidas e costumes. O Eduardo nos deu seu endereço, porém o nosso GPS não está aceitando. Então eu baixei um outro app no meu celular que vai nos guiar. Temos muitas ferramentas, uma sempre funciona.

A viagem foi tranquila e em 3:30 chegamos em Cali, e achamos rapidamente o endereço alvo. Porém nossos amigos não estavam, e isso já era como duas da tarde. Não tínhamos comido nada e então saímos para procurar algo. Deixamos o Valente no prédio e fomos a pé. Avisamos o vigia que estaríamos por perto e se o Eduardo chegasse, era só nos encontrar. Não demorou muito e achamos um restaurante simples com comida simples e bom preço.
Enquanto pedíamos nossos pratos o Eduardo e a Emma chegaram. Uau, que rápido! Foi uma grande festa e alegria poder reencontrá-los, desde nossa primeira vez na Ilha de San Andres em agosto do ano passado. Comemos e conversamos e então, caminhamos de volta ao apartamento.  

À noite saímos de táxi para dar uma volta no centro da cidade e conhecer um pouco dos principais pontos de Cali. Uma coisa que me chamou muito a atenção foi a grande concentração de homossexuais, homens, se beijando e se agarrando na rua. Sentados no colo um do outro se tocando. Não estamos acostumados a ver assim em público.

Andamos e tiramos algumas fotos da cidade. A essa altura a fome já estava batendo na porta e fomos a uma pizzaria com uma banda de rock.
Assim como no Brasil, a banda chegou, começou a plugar seus instrumentos e foi meia hora de bagunça. Todo mundo testando seu equipamento como se fosse a primeira vez.

Enfim, a banda era boa, tocando covers e dando seu recado musical. Retornamos e resolvemos dormir no Valente, pois o apartamento é pequeno e não havia necessidade de mudar nada se podemos dormir em nossa cama e tudo está pronto. O Eduardo e eu esticamos nossas extensões e ligamos a energia, então nada melhor do que dormir em casa.

Após o maravilhoso café da manhã da Emma, eu e o Eduardo fomos tentar descobrir por onde está entrando água no teto do carro. Descobrimos algumas fissuras no fantastic que instalamos nos EUA e o Eduardo fez um trabalho de isolar com um silicone que usa na sua empresa

Combinamos um encontro com o Eslei Mejia, novo amigo Mexicano que conhecemos no Ferryxpress de Cólon para Cartagena. Hoje ele chegou a Cali e vamos tentar nos encontrar no final da tarde.

Saímos para comer Sancocho de Gallina, pois vimos muitas placas na estrada e não sabemos o que é. Bem, um prato típico da Colômbia, preparado com galinha velha, ou seja, com carne dura, porém um gosto diferente. É um tipo uma sopa, e comemos Tamales, outro prato preparado com milho e frango com uma folha de banana. Foi bom conhecer, mas nada de mega especial. Para acompanhar suco de água de panela com limão. Panela no caso aqui é melado, da cana de açúcar, já que estamos em uma região onde é fortíssimo a plantação de cana.  

O Esli chegou e todos tínhamos fome e saímos caminhando pela rua para comprar pão e umas frutas. Nosso desejo era comer umas frutas da Colômbia, e saímos a procura. pois é muito fácil de achar nas tendas ambulantes. O Esli se deu muito bem com o Eduardo, pois ambos gostam muito de história e o Eduardo deu uma aula sobre a Colômbia. Infelizmente o assunto foi o tráfico de drogas, seus cartéis e mudança nos dois países. Mas como eles dizem, quem não conhece a história, tende a repeti-la.

Compramos frutas e pão e fomos provar o tal shampoo, que não é de cabelo, mas de tomar e também comer. Um tipo suco com abacaí, milho água e outras coisas que tem um sabor típico. Depois de tomar o suco pode-se comer a fruta.

Retornamos ao apartamento, o Esli foi embora, a Emma preparou um lanche e fomos jogar sequence novamente, as mulheres ganharam como dupla. Amanhã saímos cedo para ir até El Bordo.

El Bordo

Pegamos a estrada e no início não tínhamos muito trânsito de caminhões, mas como era um dia festivo, havia muita gente passeando com a família, o que também deixou as ruas com aquela cara de domingo, com todos os domingueiros motoristas de plantão na rua. Mas com paciência a gente chega.

A viajem foi tranquila, aquele sobe e desce da Colômbia, e agora, neste trecho em direção a Ipiales, fronteira com Equador, as cordilheiras se unem, e não existe mais trecho plano, é aquele sobe e desce de um lado para o outro sempre, com média de 50 km/h.

Como estávamos muito próximos e Miravalle um Hotel campestre, que ficamos na vinda, decidimos seguir e ficar ali. Chegamos rápido, nos instalamos, e eu até dei um mergulho na piscina para dar uma relaxada, pois o dia foi longo. Amanhã seguiremos a Ipiales e sairemos da Colômbia.

Encontro com Jean Beliveau

As sete horas da manhã partimos, pois queríamos ter tempo tranquilo na fronteira e chegar a Ibarra, em uma finca de um alemão que já viajou muito e hoje recebe viajantes, antes de anoitecer. Parece que não cobra nada e é muito atencioso.

No caminho, paramos para um café no carro e como precisávamos de água para o tanque e comprar água, um paradeiro qualquer encostei e fui comprar água e encher o tanque enquanto a Janeh preparava algo para comermos. Papo vai, papo vem com o dono do estabelecimento, ele comentou que muitos viajantes tem passado ali, e que, inclusive, ontem passou um muito curioso, caminhando, com um carrinho onde leva seus pertences e vai empurrando. Nos mostrou um folheto que ele deixou ali. Já caminhou onze anos e estava indo em direção à fronteira. Agradecemos e partimos.

Mais sobe e desce e, logo após passarmos pela cidade de Pasto, encontramos o tal caminhante. Paramos o carro e fomos conversar com ele. Realmente uma figura que nos conquistou!  Jean Beliveau, um jovem senhor, que no próximo dia 18 de agosto completa 60 anos. Caminha pelo mundo desde os 48 anos, segundo ele, iniciou devido à crise da meia idade. Deixou casa e esposa o Canadá e saiu caminhando. Não aceita carona pois diz que seu coração manda caminhar. Já cruzou os cinco continentes e agora está concluindo sua volta, pois em 2002 quando saiu do Canadá e quando chegou a Colômbia, era uma fase muito difícil e perigosa do país, não lhe deram permissão para cruzar a pé, e ele foi obrigado a ir de avião até o Equador, e então seguir. E agora, após seu retorno ao Canadá, ele pegou um avião até a cidade do Panamá, onde parou em 2002 e dali iniciou sua caminhada até a Colômbia.

Conversamos por quase uma hora ali na estrada e, como já estava próximo da hora do almoço nos convidou a almoçar em um próximo restaurante que lhe informaram estar á uns 4 a cinco km. Ele disse para irmos, pois iria demorar um pouco mas chegava. Estávamos a 3.250 m.s.n.m., e ele falou que estava com um pouco de falta de ar caminhando por ali. Ele seguiu a nossa frente.

O tal restaurante estava há mais quatro quilômetros, mas ele chegou rápido. Tivemos o privilégio de ouvir sobre sua história e ele nos disse duas coisas: "disfrutem a vida" e, "Isto que vocês estão vivendo é um grande privilégio, nunca se esqueçam disso!". Isso para mim, Toninho, soou como a voz de Deus, um senhor de cabelos brancos olhando seriamente para nós e dizendo: - Isso é muito sério, vocês são privilegiados, por isso disfrutem a vida! Nos despedimos e partimos muito felizes e deixamos o Jean em sua caminhada.

Las Lajas

Descemos mais uma vez uns 1500 m.s.n.m e subimos tudo de novo, quando um guarda indeciso olhou nosso carro e mandou parar, ai mandou seguir, ai resolveu que não, que devíamos parar, depois seguir novamente, mas como eu já estava quase parado então ele veio até a janela do carro meio sem graça, nos estendeu a mão e deu um boa tarte pedindo os documentos. Dei um risada e abri minha bolsa com muitos papéis e fiz menção em entregar, ele disse: tudo bem, podem seguir. Esse foi o guarda mais indeciso de nossa viajem. Saímos dali dando boas risadas.

Chegamos a Ipiales e seguimos as placas para o Santuário Las Lajas. Esse lugar é um santuário datado do Século XVIII, e destino de peregrinações e turismo no país. Construído no Canyon do rio Guáitara, em estilo Neogótico. A construção impressiona pelo local e pelos seus 100 metros de altura, da base até a torre, com várias quedas d'água ao redor e um rio passando por um vale incrível. Deixamos o Valente em um estacionamento e descemos uma longa caminhada, digna dos peregrinos. Nesse momento lembrei do meu amigo Carlos Pimpão, que sempre diz, "o problema de fazer essas caminhadas, ainda mais descendo, não é o ir, mas voltar". E fazer isso a mais de três mil metros de altitude! Não foi tarefa fácil, mas chegamos!

Seguimos para a fronteira, o horário está bem avançado, mas também com tantas paradas no dia, quase valeria a pena dormir por aqui e seguir amanhã. Eram 16:30h e decidimos seguir. Eu estava um pouco temeroso com esta fronteira por dois motivos: Esta foi a fronteira mais desorganizada da América do sul! E segundo: Eu li, em algum lugar, que depois que você sai do Equador, só pode retornar após nove meses. E no nosso caso são apenas sete.

Na saída da Colômbia foram 10 minutos, carimbo no Passaporte e entrega da Dial na aduana e adeus Colômbia...

Leia mais em Diário Fase I - Retorno - Equador

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